Quem me conhece um pouco mais a fundo, sabe que que sou um ser totalmente sentimental, mesmo quando mostro meu lado mais racional. Muitas vezes me questionei/questiono se não é por isso que sofro tanto.
Todos os dias somos obrigados a lidar com situações incontroláveis e inesperadas. Às vezes é um atraso, um trânsito, uma chuva pelo meio do caminho… Meu lado controlador também não é nada fã disso, já que costumo ter tudo planejado e projetado na cabeça bem antes que as coisas aconteçam. Na verdade, acho que o que mais me incomoda são as reações inesperadas, ou melhor, reações – de pessoas – fora do previsto por mim.
Geralmente espero das pessoas a consideração e respeito que eu mesma as trato; me preocupo com o conforto e felicidade alheias e faço esperando que assim seja um “acordo” para que eu receba isso em troca também. Sabe o que acontece? É. Isso mesmo. Me frustro. Não digo que é porque as pessoas são mau caráter – nem sempre, pelo menos – mas porque as pessoas agem de jeitos diferentes e, normalmente pelo o que elas acham correto.
Acredito que com isso, apesar de ter boas intenções, jogo a responsabilidade de me sentir bem e reconhecida para outras pessoas, o que não é problema delas. Isso no profissional me frustra porque sempre parece que a outra pessoa está sendo desleixada, não profissional e que não sabe trabalhar em equipe – às vezes é isso mesmo, mas quem sou eu pra julgar, não é mesmo? Já no lado pessoal, a sensação de raiva vem no achar que a pessoa não tem a consideração que mereço e nem que me trata de jeito equivalente ao que já fiz por ela. Me lembro de incontáveis vezes que comecei uma discussão com: “Eu te entendi, ajudei, fiz isso ou aquilo e você não faz nada em troca.”.
Analisando friamente (e também com a ajuda da terapia) vi o quanto isso é prejudicial pra relação e pra mim mesma, além de ser egoísta de alguma maneira. Eu faço porque seria o que faria mesmo, mas também por esperar algo em troca. Aí não parece mais um “faço porque quero”, mas “faço porque quero e preciso de algo em troca para me sentir querida e valorizada”.
Coloquei na cabeça então todas as minhas relações frustradas e a raiva que ainda sinto (porque não quero mais viver assim) e esse foi o resultado para todos os cenários: minha raiva vem da expectativa não suprida. Da pessoa que disse uma coisa mas agiu de outra, da pessoa que não procurou quando esperei, que não disse o que”devia” dizer ou que disse, mas que não mostrou de outra forma quanto era importante. Até mesmo aquele que nada disse ou nada fez quando era “óbvio” que eu merecia algo a mais. Nossa, escrever tudo isso foi até doloroso, justamente porque não foi exatamente culpa da pessoa, mas consequência de esperar controlar demais as coisas, de ter tudo “scriptado“, tentar prever o imprevisível.
Claro que isso é complexo, demorado e eu ainda sinto raiva e coisas ruins – até porque sou humana – mas foi válido pra mim começar, depois desses “erros”, a compreender as diferenças e a encarar as situações que não posso controlar de modo diferente. Espero que, se alguém se sentir dessa forma, também possa aprender a avaliar se às vezes o sofrimento não vem de coisas que nós mesmos plantamos.
Nossa, Vivi… Posso curtir mil vezes?
Esse texto me definiu! kkkkkk Muitas pessoas passam pelo mesmo problema, mas só não sabemos.
Crio muitas expectativas nas atitudes dos outros e também faço questão de ser tratada, no mínimo, de igual para igual.
É uma pena que exista egoísmo e falta de compreensão no mundo. Como diz a minha mãe, muitas pessoas pensam no “venha a nós” e “ao nosso reino” nada! Seria mais fácil se as pessoas não pensassem no próprio umbigo como centro gravitacional da Terra!
Amei o texto! Beijo beijo <3
hahhahahaha adorei a parte do “centro gravitacional da Terra”! E sim, seria muito bom se isso não acontecesse, mas é mais padrão do que exceção, infelizmente =/
Que bom que curtiu o texto <3 Beijão!
Sempre me identifico muito com a maioria dos temas do blog. Esse em especial descreveu minha personalidade em detalhes, pois 90% das minhas frustrações vêm das expectativas que tenho de que as pessoas façam por mim o mesmo que eu faria por elas.
Faz parte da minha personalidade ser mto frágil emocionalmente e sempre fazer para o outro aquilo que eu gostaria que fizessem por mim, porém como vc mencionou, quando faço geralmente crio uma expectativa de recompensa, o que está errado!
E quando essa recompensa não vem, ou não vem da forma que esperamos o sentimento é sempre de revolta, é como se a pessoa estivesse sendo ingrata comigo.
Acredito que aprender a reconhecer essas falhas/fragilidades em nós mesmos já ajude a amenizar a dor da frustração e aceitar que as pessoas pensam, sentem e reagem diferente da gente.
É bem isso, Val. A sensação é exatamente de ingratidão, por não vir da forma como eu gostaria/esperava. Não é uma solução e nem sequer é fácil mudar essa “fragilidade”, mas acho que vale a pena perceber se não somos sabotadas por nós mesmas, né?