Oie!
Demorei bastante tempo pra começar a ler esse livro e, no fim, se soubesse que era tão intenso eu teria lido antes. As aventuras de Pi retrata os 227 dias que Pi Patel ficou perdido no mar, após o navio que o levaria da Índia até o Canadá naufragar.
Nessa aventura ele perde os pais, o irmão e tudo o que lhe sobrou foi o bote que passa a ser sua casa, a companhia de um tigre-de-bengala e sua fé em três religiões. Além de lidar com a ideia de conviver no mesmo espaço que um tigre, precisa aprender a se proteger do sol, a caçar, a economizar e captar água.
Foi muito angustiante pensar em tudo enquanto lia, e a história fica ainda mais chocante quando ele finalmente chega em terra firme, no México. Pi conta aos investigadores japoneses – donos da embarcação que afundou – uma outra versão, ainda mais brutal e surpreendente desses dias horríveis. Sabe o pior de tudo? Não temos uma confirmação precisa sobre qual é a história verdadeira.
É possível que ele realmente tenha vivido 227 dias com um tigre e é possível também que o tigre seja ele mesmo, como uma forma de se proteger de todo trauma. Leia e decida no que você vai acreditar (:
É verdade que as pessoas que conhecemos podem nos modificar, e, às vezes, de uma forma tão profunda que, depois disso, não somos mais os mesmos, nem com relação ao nosso nome.
Há em todas as coisas vivas uma dose de loucura que as leva a ter atitudes estranhas, por vezes invexplicáveis. Essa loucura pode ser uma forma de proteção; é parte integrante da capacidade de adaptação. Sem ela, nenhuma espécie sobreviveria.
As coisas não correram como se esperava, mas o que se pode fazer? Temos de encarar a vida do jeito que ela se apresenta e tentar tirar o melhor proveito dela.
Aparentemente, a presença de um tigre tinha me salvado de uma hiena – com certeza um bom exemplo da expressão “sair da frigideira para cair no fogo”.
Essa história de dizer que a necessidade é a mãe da invenção é a mais pura verdade. E como!
Preciso dizer uma coisa sobre o medo. Ele é o único adversário efetivo da vida. Só o medo pode derrotá-la (…) Não tem nenuma decência, não respeita leis nem convenções, não tem dó nem piedade. Procura o nosso ponto mais fraco e o encontra com a maior facilidade (…) Aí o medo, disfarçado sob a capa de uma ligeira dúvida, se infiltra na nossa mente como um espião.
O desespero era como uma escuridão pesada que não deixava a luz entrar ou sair. Era um inferno absolutamente indescritível. Graças a Deus, acabava passando.
Na vida, é importante concluir as coisas do modo certo. Só então a gente pode deixar aquilo para trás. Caso contrário, ficamos remoendo as palavras que podíamos ter dito, mas não dissemos, e o nosso coração fica carregado de remorso. Aquela despedida malfeita ainda me magoa até hoje.
Autor: Yann Martel Nota: ★★★★★ Páginas: 242