Sabe aquelas paixões que você pensa que é amor? Daquelas que você decide se jogar de cabeça e dar seu melhor? Você é sincero, é amigo, tenta entender, faz de tudo para agradar e estar perto… Pois bem, provavelmente nesses casos em que uma relação é só baseada na paixão é que você vai conhecer o seu melhor e seu pior também.
Chego a admitir hoje que acho a paixão ordinária. Eu explico: ela é muito (muito) boa, mas se você não a controla ou equilibra com outros sentimentos, provavelmente será sua pior inimiga, e não só no quesito relacionamento afetivo, pois você pode se apaixonar por muitas coisas além de pessoas.
Mas falando em relacionamentos, eu me enganei – como qualquer outro ser humano se engana – e confundi paixão com amor. Vocês já sabem o final da história né? Me quebrei. Eu nunca usei drogas pra afirmar, mas costumo definir a sensação de perder uma paixão intensa assim como um viciado em processo de abstinência: você não aceita não ter mais aquilo e acredita que só vai estar bem e feliz se tiver aquilo de volta, seja como for.
Torço pra que você nunca chegue nesse estágio, mas se chegar, como cheguei, você vai ver o lado ruim de se entregar à uma paixão. Você vai gritar, brigar, xingar. Vai se martirizar, se culpar, se machucar e tentar ao máximo machucar o outro na mesma proporção, mesmo que seja com algo inútil. Sabe o que é pior? Você provavelmente vai se deparar com a outra pessoa seguindo a vida dela, enquanto você está na sua casa, se lamentando e de coração partido, oscilando entre a tristeza e a raiva.
Acho que hoje em dia, acima do dinheiro, de quantos cursos você fizer e de quantos livros ler ou ainda de quantos lugares você frequentar, uma das coisas mais importantes que você pode fazer por você, é aprender a ter inteligência emocional. Só com ela você saberá pesar o quanto algumas das nossas escolhas e atitudes nos fazem mal. Sabe por que digo isso? Porque depois do estágio da tristeza e raiva, você pode cair no buraco negro do julgamento. Acredite, não há pior coisa do que você ser julgada por você mesma, achar que falhou, achar que perdeu algo porque não era boa o suficiente. No fim (depois de um longo tempo) você vai ver que perdeu um tempão pensando sobre uma coisa que você não queria, ao invés de usar seu tempo e energia para coisas que você realmente quer e poderia fazer. Esse é o segredo da inteligência emocional e é aí que você aprende que pode ser seu próprio mártir se assim permitir.
Obviamente é muito complicado passar uma receita de bolo sobre inteligência emocional, eu mesma não a possuo e nem sei por onde começar a orientar alguém que a deseja. Mas, sinto que é meu dever, como uma “compartilhadora”, dizer que aprendi que a melhor e mais preciosa relação que você pode ter na vida, é entre você e você mesmo. Basta pensar que é com essa pessoa que você vai passar no mínimo uns 80 anos, não há motivos pra transformar essa relação em um inferno, não?
Se eu fosse dar um passo básico, que é o que tenho feito, é se enxergar como seu melhor amigo. Você jamais desejaria ou faria mal pra um amigo querido, não é? Então não faça o mesmo com você. Como disse, é muito fácil se perder em pensamentos e atitudes ruins, às vezes elas parecem mais reais do que o que você ainda pode conquistar, mas é tudo uma grande trapaça da sua cabeça, não se maltrate. Eu usei um exemplo de um relacionamento, mas isso pode acontecer em várias situações da vida, então acredite quando digo: você não merece ser o vilão da sua própria vida, não seja o pior pra você mesmo.
Eu costumo dizer que a paixão é um excelente motor, algo que te leva ao ápice do processo criativo. Porém, quando não se encara a paixão como o que ela realmente é – como algo efêmero, uma rápida tempestade – geralmente caímos em enormes enganos e cometemos muitos erros.
(Aliás, só uma curiosidade inútil: a origem da palavra paixão é “pathos”, que significa literalmente “arrebatar-se” ou “assujeitar-se”. É o que dá origem também a palavra “patologia”, que nada mais seria, por assim dizer, do que deixar-se arrebatar pelo furor da paixão a ponto de ser dominado, de perder seu controle e, por fim, adoecer.)
Excelente texto, Vi!
Abraços.
Exatamente, acho que o problema é em não encarar que a paixão é só o “fogo inicial”, não a base de tudo, até porque deve evoluir pra algo mais sólido e controlável.
Adorei a curiosidade “inútil” porque foi muito útil haha não fazia ideia!
Beijos
Adorei o Blog. Parabéns 🙂
Obrigada, Ca =)