Para quem me conhece, talvez já tenha ouvido eu falar sobre a banda Project46 em algum momento, principalmente nos últimos meses.
Se você não conhece, o Project46 é uma banda de metal, brasileira, com 3 álbuns lançados, participação em festivais imensos como o Rock in Rio, Monsters of Rock… Enfim, uma jornada incrível que eles vem trilhando.
Só que o ponto desse post não é exatamente falar da banda (não que me falte vontade ou assunto) mas deixar registrado o que a música deles projetou (entenderam o joguinho de palavras do título agora?) em mim
Não convém entrar em todos os detalhes, parte por já ter resolvido e muitas outras partes porque não convém mesmo, mas definitivamente minha vida entre 2019 e 2022 tem muitos momentos desafiadores (para dizer o mínimo) e grandes apagões.
Eu digo que meu “renascimento” começa a partir de 2019 pois foi quando voltei para a terapia. Voltei de verdade, sabe? Consciente de que a maior parte das coisas que eu ia mexer eu não ia gostar. Brinco inclusive que faço terapia no modo hard: quanto mais doloroso, melhor. Assim tenho a oportunidade de entender logo o que tanto me atrapalha e seguir em frente.
O grande “barato” da terapia pra mim foi também notar as ciladas que eu mesma me metia, afinal, a gente não vai pra terapia pra achar só culpados mas também para desenvolver auto crítica, pra mudar comportamentos, pra rever sua rotina, enfim… mas tô me adiantando.
Em 2020 todo mundo passou pela pandemia. Aqui veio um apagão. Grande parte de 2020 eu passei dopada. Foi o jeito que achei de sobreviver ao caos, a cada número que aumentava, a cada ansiedade…Achei que seria o pior, mas veio 2021.
Em 2021, pra ser beeeeem resumida, eu perdi meu primo para a Covid, fui traída dentro de casa (ainda ouvindo que eu era doida rs), perdi a perspectiva e a esperança de confiar em alguém pra ser meu companheiro, de que construir uma família não era algo pra mim, minha autoestima estava um bagaço, minha saúde então? Nem tinha. Nem física e nem mental. Só Deus sabe como minha psicóloga foi FUNDAMENTAL pra que eu me segurasse em alguma coisa, porque a vontade de desistir foi grande. Eu me via como uma grande falha, sem uma única unidade de sonho que eu pudesse ir atrás.
Além do apoio que tive da minha mãe e dos meus amigos, quem sempre segurou minha onda foi: a música.
Não me recordo, nem nas lembranças mais antigas, de ter vivido sem ela.
Confesso que vivi 2021 com a única esperança que eu tinha: que em 2022 uma das bandas que eu mais amo viria pro Brasil, o Metallica.
Spoiler aqui, deu tudo certo ❤
Com um esforço imenso e muito apoio, inclusive espiritual, obrigada aos guias pelos puxões de orelha, proteção… enfim, eu juntei um resto de força pra dizer pra vida que: assim eu não quero, eu mereço e sou capaz de ter a vida incrível, de realizar grandes coisas e de viver grandes momentos.
Dei o primeiro passo para uma reconstrução e independência que eu só tinha sonhado em ter quando era adolescente, quando vislumbrada ter um apartamento e tomaria vinho na minha varanda hehe
Outro spoiler, isso deu certo também ❤
Tá, e o Project46 nisso, menina?
Calma que to chegando lá. Não é porque eu resolvi que não seria a vida que eu queria que foi fácil me recuperar. Eu tinha uma grande dependência emocional para tratar, uma insegurança absurda com o mundo — que ainda estava se reerguendo pós pandemia- e um medo constante de falhar.
Além do show do Metallica que já estava comprado, outro show que já estava engatilhado para ir com a Nani foi o Knotfest 2022 e é aí que o Project46 entra.
Eu já tinha escutado a banda em 2013 na verdade, no Monsters of Rock, mas lembro de ser um dia QUENTE PARA UM CARALH* e a Nani e eu ficamos jogadas num canto enquanto o show rolava.
Penso hoje que não era meu momento de ser fã haha porque quando peguei o line-up do Knotfest pra ouvir as bandas, logo lembrei desse episódio mas pensei “vou dar mais uma chance” e bem… que bom que eu dei!
A primeira música que peguei pra ouvir foi justamente essa do clipe que deixei mais acima, Rédeas. Alguma coisa aconteceu aqui dentro mas eu me conectei com quase 100% das letras. Em todas elas eu sentia uma mensagem direta pra mim, um grito direto para que eu levantasse, reagisse.
Abdiquei das coisas que eu quis
Acreditava ser feliz
Entrando em controvérsias com meus ideais
🎶 Rédeas
Isso deve ter sido mais ou menos em junho, julho/2022… não me recordo exatamente o começo mas, sei que desde então, não houve UM dia sequer que eu não ouvisse e absorvesse a música, a letra, os riffs de uma forma que me transformasse.
Como minha vida é tipo a história do Joseph Climber e “porém a vida é uma caixinha de surpresas”, DOIS DIAS antes do festival eu perdi meu amigão de 15 anos, meu Fifi 🙁
Ahhh, o que dizer do meu menino? Ele foi o gatinho mais simpático, comilão e companheiro que eu conheci. Fui literalmente escolhida por ele, que todo miudinho escalou minha calça e se achegou no meu colo lá em 2007. Foi horrível vê-lo partir, ainda mais ter que optar por fazer isso já que ele não respondia mais aos tratamentos de uma doença renal.
Por motivos óbvios eu pensei em desistir do show, afinal qual sentido teria? Era quase como uma traição.
Mas bem que dizem que quem tem amigos, tem tudo. Tive muito apoio da minha amiga Thaise no processo de despedida e também da minha amiga Nani que não me deixou desistir.
Ignorar a dor, não causar tremor
Não tô aqui pra não tentar
Dentro de mim isso não vai ficar
Pra nunca mais andar pra trás
🎶 Um passo à frente
Resolvi ouvir os conselhos de que seria bom ter uma distração e logo lembrei que além de ver minha banda da adolescência, veria também o P46. Lembraram aqui que a vida é uma caixinha de surpresas? Para quem foi no evento e chegou cedo, a entrada foi bem caótica e a Nani e eu nos atrasamos também e lá se foi a chance de ver a banda 🤡
Faça além, não julgue o porém
Não suba nas costas de alguém
Faça por onde, viva o hoje, os verdadeiros não se escondem
Muitos querem ver a sua face ao chão e de fato não vão
🎶 Tr3s
Só que entre um intervalo e outro das bandas, que tínhamos que atravessar literalmente a Sapucaí (o festival foi no sambódromo do Anhembi em São Paulo) eu dei um micro grito pra Nani porque lá estavam os integrantes do Project46 no meio da galera tirando fotos. A princípio só o Caio (vocalista) e o Vini (guitarrista).
Aqui vale um adendo: eu sou muito tímida e odeio invadir o espaços dos outros, mas naquele momento só agarrei o braço da Nani e falei “VEM”.
Outro adendo engraçado: estávamos indo pro show do Sepultura quando os vi e eu no calor da emoção falei pra ela “Meu Deus é o Sepultura” e ela ficou com cara de “Amada? Como? Eles não tão tocando agora?” HAHAHAHAHA
Ai ai, voltando…
Não consegui foto com o Vini esse dia, mas apesar de não ter visto o show, consegui minha primeira foto com o Caio e o Betto (baterista) e… que pessoas incríveis. Sei lá, eu sou muito “jovem mística” e a energia das pessoas precisa bater de alguma forma e com certeza bateu super. Foram super simpáticos comigo e foi a primeira vez que eles de alguma forma me “salvaram” ao vivo. Não sei o que eu esperava, mas a gente vê tanta gente famosa e escrota por aí, que eu tinha baixas expectativas e que bom, porque a surpresa foi imensa.
Pode pá, pronto pra enfrentar
Eu sei do caminho que eu vim pra trilhar
Pode vir, to de pé, vou na fé
Preparado pro que vier
🎶 Pode Pá
Depois desse dia, se eu já não deixava de ouvir um só dia, passei a ouvir tudo todos os dias. Repito, cada palavra, cada ritmo a cada dia que eu ouço, parece que pega um pedacinho de tudo o que já vivi e faz uma pequena transformação: dá um novo sentido, descontrói ou simplesmente taca um foda-se.
Já no Festival Summer Breeze eu “paguei” minha dívida. Não só consegui assistir ao show deles como foi o primeiro show grande que eu fiquei na grade ❤ Que experiência INCRÍVEL. Cantei, me descabelei… Eles costumam chamar os shows de sessão de descarrego e bem, acho que foi isso mesmo que eu fiz. Pra cada grito e cada música, eu jogava pra fora mais e mais coisas que me botavam pra baixo, saí de lá RENOVADA.
Como corri para ver o show do Testament nesse dia, fiquei com outro débito: encontrar e tirar uma foto com todos.
Além da música, clipes e shows, também passei a consumir os conteúdos que eles postam, não só das redes sociais mas do YouTube e inclusive os de música (apesar de não ser música, só ter tido algumas aulas de bateria e ter um violão sem saber tocar hehe).
Enfim, um desses conteúdos foi o vídeo abaixo do Betto, que mesmo focado em falar como é o seu dia a dia e consequentemente a sua relação com a bateria, foi totalmente possível aplicar na minha vida como designer e foi um tremendo tapa na cara, principalmente sobre motivação x meta. Recomendo que assistam 🙂
Não precisa olhar com ódio tudo o que vê
Precisa de humildade para aprender
E curar as suas feridas
Das quedas e lições esquecidas
🎶 Foda-se — Se depender de nós
Mas voltando aos shows, como se tudo tivesse sido milimetricamente combinado, a banda marcou passagem da sua turnê por Santos e, aproveitando que a Nani mora em São Vicente, foi a oportunidade de juntar o útil ao agradável.
Explico: Lembra que eu falei que tanto a pandemia quanto tudo o que passei me deixou desarrolhada das ideias, né? Pois bem, há anos eu venho tentando ter coragem de ir para São Vicente sozinha e sempre sentia um medo absurdo do processo, uma ansiedade que paralisava mesmo, sabe?
Como disse, parece que combinamos tudo mas foi tudo se encaixando. Ghost veio pro Brasil e marcou show dias antes do show do Project46 e consegui não só a motivação mas a companhia, pois a Nani subiu para SP para ver o show e consegui descer com ela para fazer isso que eu tanto queria. Pode parecer bobo, mas só quem tem ansiedade sabe como é difícil e frustrante você tentar fazer algo e simplesmente não conseguir.
As horas passam e com ela os dias
Seu tempo está esgotando, tome um caminho e decida
Cabe a você escolher, não importa o caminho que siga
Só tenha coragem e não desista
🎶 Foda-se — Se depender de nós
Tudo o que pensei naquelas semanas que antecederam o show foi: como vou agradecer a essas pessoas por me salvarem todos os dias?
Mais um momento de “sei que parece bobo”, mas eu sou uma pessoa que gosta muito de demonstrar afeto, seja pelas palavras ou por atos/presentes. Então, escolhi um combo das coisas que mais gosto: escrevi uma cartinha para cada um e escolhi alguns presentes que achei que pudessem fazer sentido ou fosse algo engraçadinho para que lembrassem dessa fã em algum momento.
Eu ainda estou com dificuldades para definir o que foi aquele final de semana: todo o apoio dado pela minha amiga, mesmo com ela também se reconstruindo, o show, o encontro, por ela ter gravado tudo, pelo carinho dos meninos… olha, eu não sei o que foi realmente melhor.
E essa foi mais uma vez que o Project46 me salvou. Pela música, pelo carinho, pelos puxões de orelha. Por carregar minhas baterias todos os dias, enfim, por tudo.
Torço para que eles só cresçam mais e mais, que venham mais álbuns, mais shows, que mais gente sinta essa força que eu sinto. Que tenham o prazer de tirar uma foto, trocar uma ideia… eu só fico com a sensação de MUNDO, OLHEM QUE PESSOAS SENSACIONAIS, TRAGAM TUDO PRA ELES!
Foi e é assim, que Project46 tem me ajudado a projetar novas perspectivas de futuro, a por pra fora, a voltar a sonhar, a não abaixar a cabeça pra pouca porcaria…
Mais que um relato, deixo por fim toda a minha gratidão, diretamente ao Caio, Jean, Baffo, Vini e Betto (na ordem das fotos abaixo) e a toda equipe do P46 que tem feito tudo isso acontecer!