Livros

Livros lidos: Outubro 2015

Finalmente tirando o atraso da leituras por aqui \o/

Gostei muito dos livros de outubro, foram três títulos bem diferentes e um deles entrou na lista dos melhores do ano =D

Por lugares incríveis

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Achei o livro simplesmente sensacional: delicado e intenso; doce e amargo, ou seja, uma representação literal do seu assunto principal, a depressão. Fico feliz que hoje temos tanto acesso à informações/referências sobre o assunto. Lembro que eu mesma era cética e achava que depressão era frescura, falta de foco ou coisa do tipo. Achava tudo isso até o dia em que me deparei com ela e, levando em consideração o tipo de vida que levamos, cada vez mais pessoas poderão esbarrar com ela por aí, infelizmente. Ler Por lugares incríveis ajuda principalmente quem não entende, a enxergar que geralmente a depressão vem disfarçada e que nem sempre uma pessoa depressiva é aquela que está sempre triste. Podemos estar depressivos e ao mesmo tempo sorrir, por exemplo. Pra mim, o problema dessa doença é justamente isso, ela é invisível e no livro fica claro o quanto ela é sufocante e difícil de ser controlada. Enfim, ter ajuda é essencial e esse livro, pra mim, foi excelente na abordagem do assunto, mesmo que pra isso precise ser tão “dolorido”.

“Conheço a vida bem o suficiente pra saber que não podemos acreditar que as coisas vão ser sempre iguais, não importa o quanto a gente queira. Não podemos impedir que as pessoas morram. Não podemos impedi-las de ir embora. Não podemos impedir nós mesmos de ir embora.”

 

“Poderia ter feito mais? Possivelmente. Sim, sempre podemos fazer mais. É uma pergunta difícil de responder, mas, no fim das contas, não há para que fazê-la.”

 

“O que percebo agora é que o que importa não é o que a gente leva, mas o que a gente deixa.”

Autora: Jennifer Niven
Páginas: 336
Nota: 10/10

 

Procura-se um marido

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Esse foi o primeiro livro da Carina Rissi que li e gostei muito. Além de ser brasileira (o que facilita a ambientação da história), gostei da sua escrita e da narrativa do livro. Até mais ou menos a metade, achei a história um pouco óbvia e até parecida com o filme Procura-se uma noiva. Apesar da coincidência, depois da metade do livro coisas surreais desfizeram toda essa minha primeira impressão. A autora conseguiu inserir ação, emoção e drama à história (além de um romance bem fofo, graças ao Max <3).

“Max era uma incógnita pra mim. Às vezes, como naquele momento, me tocava sem que eu precisasse recorrer a subterfúgios. Em outras, dava mais trabalho que cabelo alisado com chapinha em dia de chuva.”

 

“Sabe Max, você e eu não somos tão diferentes. Você usa essa fachada fria para manter as pessoas distantes. Eu uso o sarcasmo para afastar as pessoas.”

 

“Havia muitas coisas que eu queria dizer a ele naquele momento. A maior parte eram insultos em diversas línguas, mas não fui capaz. Parte de mim sabia que ele estava certo.”

Autora: Carina Rissi
Páginas: 474
Nota: 8/10

 

Manual antiautoajuda

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Escolhi esse livro aleatoriamente (que é geralmente como faço com livros da categoria autoajuda) e subestimei ele demais. Achei que fosse aquele apanhado de histórias com ideias revolucionárias e, que no fim, nunca colocamos em prática. Na verdade ele é tão complexo que é certo que vou precisar ler mais vezes. No geral, ele destrói completamente essa “moda” de discursos motivacionais e positivos. Ele explica e exemplifica como esses processos nos deixam mais tristes e frustrados já que geralmente eles não oferecem uma solução permanente e logo estamos procurando uma nova fonte de motivação para ficar feliz. Aliás, uma das primeiras “lições” é destruir esse conceito de felicidade. Quem consegue, por exemplo, definir esse sentimento? Como ele não é palpável e controlável, buscar insanamente por ele é mais doloroso que simplesmente seguir a dica do autor: estar em paz com a vida e nossas escolhas, por mais que elas não sejam exatamente como gostaríamos no momento. Outro ponto do livro é aprender a aceitar as coisas ruins – como a morte – como parte da vida e não a evita-la a todo custo. Por fim, acho que conseguiria refletir por horas sobre as coisas que esse livro me trouxe, mas como isso tudo é muito pessoal, acho que quem se interessou deve ler e tirar suas próprias conclusões. Só fiquei feliz em notar que o otimismo que eu me forçava a ter era na verde um “castigo” e poder me livrar disso me fez me sentir mais livre e menos culpada sobre os dias que simplesmente me sinto triste, afinal, saber viver caminhando entre coisas boas e ruins de uma maneira mais leve é meu principal objetivo hoje, por isso ele já entrou na lista de melhres do ano.

“A conclusão foi espantosa a que todos eles chegaram, por caminhos diferentes, foi a seguinte: que o esforço para tentar sentir-se feliz é, muitas vezes, justamente o que nos deixa tristes.”

 

“Pesquisas sobre o luto indicam que as pessoas que levam mais tempo para se recuperar de um sofrimento são justamente aquelas que fazem o maior esforço para não sofrer.”

 

“Os resultados são chocantes: gastar tempo e energia pensando em como as coisas podem dar certo, concluiu-se, na verdade reduz a motivação das pessoas para alcançá-las.”

 

“Nossas perturbações vêm somente daquilo que está dentro de nós.”

 

“Otimismo sem fim a respeito do futuro só aumenta o baque quando as coisas não dão certo; ao lutar para ter apenas convicções positivas sobre o futuro, o pensador positivo acaba menos preparado, e fica mais abalado quando acontece algo que ele não consegue convencer a si mesmo de que seja bom (e esse algo vai acontecer).”

 

“Se sua estratégia para atingir a felicidade depende da capacidade de alterar as circunstâncias conforme sua vontade, essa é uma péssima notícia: o melhor que você pode fazer é rezar para que as coisas não deem errado demais e tentar desviar sua atenção se isso acontecer.”

 

“A única coisa que conseguimos realmente controlar, afirmam os estoicos, é nosso juízo – aquilo em que acreditamos – a respeito de nossa situação. Mas essa não é uma notícia rim. Do ponto de vista dos estoicos, como já vimos, são nossos juízos que causam nossas penas. Logo, controlá-los é tudo de que precisamos para trocar o sofrimento pela serenidade.”

 

“Talvez seja uma oportunidade de pôr em prática a “premeditação do mal”: qual a pior coisa que pode acontecer como consequência disso? Fazer essa pergunta, quase sempre, revelará que sua opinião sobre a situação era exagerada, e reduzi-la a suas verdadeiras dimensões aumentará enormemente as chances de trocar a decepção ou aborrecimento pela calma.”

 

“É essencial compreender aqui a diferença entre aceitação e resignação: usar o poder da razão para deixar de se perturbar com uma situação não significa que não se deva tentar mudá-la.”

 

“Nós elevamos tudo aquilo que queremos e preferiríamos possuir a coisas que acreditamos dever possuir; temos a impressão de que devemos nos sair bem em certas circunstâncias, ou que os outros devem nos tratar bem. Como achamos que essas coisas devem ocorrer, concluímos que será uma catástrofe absoluta caso não ocorram. Não é à toa que ficamos tão ansiosos: decidimos que, se fracassamos no nosso objetivo, isso não apenas será ruim, mas completamente ruim – absolutamente terrível.”

 

“Se você aceita que o universo é incontrolável”, disse-me Ellis, “você será bem menos ansioso.””

 

“Podemos ter medo, e agir mesmo assim.”

 

“É altíssimo o grau do nosso medo do sentimento de incerteza – a psicóloga Dorothy Roew afirma que é maior até que o medo da própria morte – e faremos coisas impensáveis, e até fatais, para nos livrarmos dele.”

 

“O psicólogo social Erich Fromm argumentava: “A busca pela certeza bloqueia a busca pelo sentido. A incerteza é a própria condição que impede o homem a desenvolver seus poderes.””

 

“(…) nós somos aquilo que acreditamos ser.”

 

“Sem perceber, tratamos o futuro como intrinsecamente mais valioso que o presente. E, no entanto, parece que o futuro nunca chega.”

 

“O desejo de sentir-se seguro não apenas nos leva à irracionalidade no campo do contraterrorismo. Nos leva à irracionalidade o tempo todo.”

 

“A segurança é ao mesmo tempo uma sensação e uma realidade, e as duas coisas não são iguais.”

 

“Amar não é senão ser vulnerável. Ame e teu coração será apertado, e talvez seja partido. Se quiseres certeza de mantê-lo intacto, não dá teu coração a ninguém, nem sequer a um animal. Embala-o cuidadosamente com teus passatempos e pequenis caprichos; evita todo enredamento; tranca-o na segurança do caixão de teu egoísmo. Mas nesse caixão – seguro, escuro, imóvel, desprovido de ar – ele mudará. Não será partido; tornar-e-á inquebrável, impenetrável, irrecuperável.”

 

“Você tem que cortar tudo que for uma bosta.”

 

“Não é uma questão de “encarar” a insegurança, mas de compreender que você é a insegurança.”

 

“Tentar fugir da insegurança para a segurança, da incerteza para a certeza, é uma tentativa de encontrar uma saída do próprio sistema que nos torna, antes de tudo, o que somos. Podemos influenciar o sistema do qual fazemos parte, é claro. Mas se o que nos motiva é esse mal-entendido a respeito do que somos, e do que é a segurança, sempre vamos correr o risco de ir longe demais, de nos esforçarmos em demasia, de forma contraproducente.”

 

“Significa que o desejo de sentir-se seguro e o de viver de verdade são, num sentido definitivo, opostos.”

 

Autor: Oliver Burkeman
Páginas: 216
Nota: 10/10

4 comentários

  1. Já li várias resenhas do livro “Por lugares incríveis” e todas elogiando muito! O tema que o livro desenvolve chamou muito a minha atenção. Fico com medo apenas da capa ser um spoiler xD, apesar de linda! Quero comprar logo e ler!!!
    Nunca li nada dessa escritora br, mas vejo que ela é bem elogiada! Acho que lerei antes do livro virar filme!
    Felicidade é palpável sim: quando recebo um livro, por exemplo. :3 kkkkk Brincadeira ^^ “Podemos ter medo, e agir mesmo assim.” – me definiu!

    Amei! <3

    http://www.gigigouvea.com.br

    1. Não sei se tenho memória curta, mas não é uma referência direta à história não, pode ler sem medo =D
      HAHHAHAHA verdade, felicidade não é palpável – exceto livros, chocolate etc. HAHHAHA Esse livro do manual antiautoajuda é muito bom, sério mesmo <3

  2. O Manual de anti auto ajuda, já está na minha lista..eu não conhecia o livro mas já gostei…Eu estava pensando muito estes dias sobre isso …e se ao invés de sermos felizes a todo custo, foda em tudo e ter uma opinião formada sobre tudo e todos não escolhessêmos viver a vida de forma mais leve, sem pressão pra ser feliz a todo custo com o que trabalha, com o relacionamento e com a vida? Isso realmente acaba nos deixando mais triste pq é frustante ver que a grama do vizinho é mais verde…

    1. Oi Jo!
      Pois é, antes de ler esse livro, lia autoajuda compulsivamente, buscando a solução perfeita pra ficar feliz e pronto. Depois que eu li, passei a ter esse mesmo questionamento, pra que sofrer tanto tentando ser feliz se eu só preciso ter uma vida tranquila e leve pra me sentir bem? Como disse, o que é realmente felicidade? não é algo definível né? Espero que leia e goste! Beijão

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